Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

23 julho 2013

Trocando figurinhas sobre o poder de escolha

MC7: Valeu, tudo bem?

Out44: Sim, e você? Diga me qual é o link do vídeo para lhe dizer se é do meu canal.

MC7: Vichi, eu vi do PC de casa, mas era sobre o “despertar da consciência”... Meditação... Esses temas... São seus?

Out44: Tenho vários: 


MC7: Show de bola, te achei... rs

Out44: Estamos por aqui, trocando figurinhas sem colar.

MC7: Tenho uma questão que não consigo compreender; você poderia me ajudar?...

Out44: Não posso lhe ajudar, mas, podemos conversar.

MC7: Claro... Vamos lá! Se somos consciência e nada mais e a consciência em si é vazia de conteúdo, como acontece o chamado "Reto Agir" que está em Gita... Como uma coisa vazia de conteúdo pode inspirar alguma ação, que acaba sendo uma escolha...?

Out44: Olha, Mauricio, procuro não ficar com muitas questões desse tipo, ou mesmo me ater aos dizeres de livros tidos por sagrados, ou por falas de homens e mulheres que tiveram aceitação histórica. O que procuro compartilhar, refere-se as percepções que tenho tido. Veja: essa frase "reto agir", para mim, — veja bem, para mim — ela, em si, É CONDICIONAMENTO. O que é Reto AGIR? Quem poderá dizer isso? Isso se fará de acordo com o grau de retomada de consciência de cada um; e isso será muito relativo ao momento, ao espaço e tempo em que a pessoa que busca o tal RETO AGIR esteja vivendo. Alguém que nasce no Islã, tem por “Reto Agir”, casar-se com mais de 20 mulheres... Percebe?

MC7: Exato, mas o agir sendo reto ou não tem que ter um ator e aí é que pega, porque o “EU” não existe.

Out44: O meu reto agir de ontem, não é mais o de agora. O fato é que há uma consciência se tornando consciente de tudo que a manteve inconsciente de sua consciência. Isso para mim, É FATO. Consegui me expressar com clareza?

MC7: concordo que existe o condicionamento, mas então, qualquer escolha nossa seria egóica, certo? A consciência não se manifesta, só observa?

Out44: Quando você está consciente, você “escolhe”, ou “age”? Penso que a escolha, é sempre do ego, que se encontra confuso por não perceber de ato — livre do tempo — o que é real. As escolhas, me parecem, serão sempre apoiadas, baseadas no conhecido, no fundo psicológico.

MC7: É aí que me perco... Não consigo ver diferença entre “agir” e “reagir”, porque sempre há pensamento; se vejo bife e frango, vai passar uma voz na cabeça dizendo: “bife é mais gostoso”... Como seria uma AÇÃO num caso desse?

Out44: Oras, qual o problema de escolher entre o bife e o frango? Veja, há o pensamento, digamos assim, "técnico", onde, a escolha é natural; escolho o melhor horário para ir ao banco; escolho o caminho menos congestionado para ir ao banco.

MC7: Certo.

Out44: Creio que a escolha indevida é quando, por falta de "PRESENÇA" — que É consciência,  não conseguimos PERCEBER o falso do verdadeiro. Quando isso ocorre, somos tomados pelo conflito proveniente da ESCOLHA, a qual sempre é re-ativa.

MC7: Nossa, é foda isso!... Porque se você escolhe o melhor caminho para ir para o banco, em última análise está defendendo um "eu" que não quer perder tempo. Tempo por si já é uma coisa irreal... Será que no fundo só seremos livres quando qualquer escolha for “a” boa escolha? Daí seria um sinal de que não tem mais um "Eu" escolhendo...

Out44: kkk, a mente é uma masturbadora mesmo! Vê pelo em ovo!

MC7: kkkkkkkkkkkkkkkk

Out44: Ela torna coisas simples em problemas; simples ações em problemas. Veja, se ficamos na dimensão da mente, do intelecto — o qual é campeão em se arvorar desses últimos conhecimentos para criar mais conflito — caímos num poço sem fundo de questionamentos.

MC7: Mas a indiferença total é mais plausível, daí não existiria EU algum para escolher nada... Se pegar congestionamento, estaria AQUI e AGORA, SENDO sem problemas. O que não gostaria é de achar que estou desperto, por isso procuro tentar ver se realmente não estamos apenas nos achando despertos.

Out44: Ai que está a coisa... Eu não estou preocupado em “acabar com um EU”; dedico-me a compreender as traves de tropeço causadas pelo EU. Se você está "gozando", quer acabar com o EU? Ou só quer acabar com ele quando se vê consciente do sofrimento?

MC7: Não há um gozador, na verdade, mas fugir da dor e procurar o prazer é justamente a causa do sofrimento.

Out44: Então, não se trata de acabar com o eu que quer prolongar o gozo, mas sim, compreender seus impulsos, aquilo que nos dita.

MC7: o Budismo exagera tanto que considera o Atman, dizem que não há nada no homem que seja perene. A Gnose diz que devemos eliminar o EU; Jesus disse: Negue-se a si mesmo. Meu, deve ser bacana tentar acabar com o eu...rs

Out44: MC7, com todo meu respeito: Porque precisamos manter o que diz “X” ou “Y”? Já não chegam as vozes em nossas cabeças?

MC7: Exato, mas eles justamente foram quem me fizeram entender que a voz na cabeça não sou eu; devo isso a eles...rs

Out44: Ok! Você carrega suas fraldas, chupetas e papinhas Nestlé?

MC7: Não... kkkk

Out44: Claro que não! Jogou fora há tempo! Mas, é grato a tudo isso, não?

MC7: Sim, mas primeiro aprendi a fazer coco no pinico, senão, seria foda!...rs
Out44: Pronto! Já aprendeu a olhar; jogue fora; fique com o seu olhar, ainda que condicionado; jogue fora conceitos, a masturbação do intelectualismo... Só olhe!

MC7: Mas não tem que usar a mente para sair da mente?

Out44: Não vejo assim... Vejo que é pela PERCEPÇÃO e, esta, não é centrada na mente; a percepção é a totalidade do ser que somos.

MC7: Veja, eu fumo... Toda vez que vou fumar, vem uma voz mandando eu fumar. Se eu parar de fumar, vai ser outra voz que me mandou parar, então não existe ação fora da mente... Sei lá!

Out44: Olha, se você for sério, e olhar seu impulso de fumar, se perceber qual é a NATUREZA EXATA desse impulso, como se manifesta, como ocorre, saberá como lidar com ele, seja alimentá-lo, ou de deixa-lo de lado, sem se preocupar com qualquer influencia psicológica externa quanto ao ato de fumar. O problema me parece esta na COMPARAÇÃO, sem PERCEPÇÃO; parece-me ser isso cria o conflito, que faz o cachorro do intelecto correr atrás do rabo dos conceitos.

MC7: A memória é uma merda, porque o “agora” é único. Se agora não estou fumando, o cérebro não deveria comparar esse momento com 15 minutos atrás em que fumei; talvez seja esse o viés.

Out44: Veja, tenho tomado muito cuidado com relação à observação dos NOVOS CONDICIONAMENTOS MISTICOS, ESOTÉRICOS, QUANTICOS, seja lá a dominação que você prefira dar para isso. Deixe me explicar melhor... Você usou a expressão "o agora é único". Veja, tudo em seu nascimento, nasce pela cabeça, depois o corpo todo... Isso de "o agora é único" é uma ideia muito bonita, mas não é REALIDADE VIVA, momento a momento, se é percepção da mente. Adquirimos vários conceitos novos, cuja lógica e raciocínio apontam como reais, mas “apontam”, não são VIVÊNCIAS que transcendem espaço e tempo, que transcendem o "experimentador", o "verbalizador". Sabe, procuro simplificar muito a coisa, ficando com o que está causando o incomodo, o conflito ou outro tipo de situação inquietante, e procuro olhar, sem nomear, sem rotular, sem caracterizar com os arquivos dos velhos conhecimentos lógicos (ou ilógicos)

MC7: Até aí, entendo...

Out44: Porque se isso não cai para a dimensão do SENTIR, confrade, é conflito mesmo! A lógica e a razão são sempre limitadas, pois, são sempre velhas; enclausuram-nos, como sinuca de bico.

MC7: Mas existe como AGIR com base no SENTIR?

Out44: O SENTIR, em si, JÁ NÃO É UM AGIR?

MC7: Parece que é pequeno, mas o lapso de tempo entre a coisa e a ação já permite a comparação, tipo o lance do frango e bife... Em um segundo vou lembrar que, um dia, peguei um bife duro e vou preferir o frango, e você vai lembrar que pegou um frango cru um dia e vai preferir o bife...

Out44: Quando você se torna consciente de que está sentindo, “isso” que está percebendo não está agindo em forma de percepção? O sentimento não é “algo” agindo como sentimento?

MC7: Esse SENTIR a que me refiro não seria o centro emocional, que é condicionado pelo pensamento, seria um SENTIR observador, sem reação...

Out44: Se há um estado de PRESENÇA, no próprio sentir, HÁ AÇÃO. Se não há um estado de PRESENÇA, no próprio ato de sentir, há RÉ-AÇÃO, que é escolha.

MC7: Hum, boa dica! Essa frase bateu legal!

Out44: Eu resumo isso assim: “OBSERVAR o que é; ABSORVER o verdadeiro e ABSOLVER-SE do falso”.

MC7: Clareou bastante! O verdadeiro é o que é, o falso o que eu pensava que era. Out, chegou minha carona; mais tarde eu entro...

Out44: Posso compartilhar nosso conversa no blog?

MC7: Claro, deve, e já me passa o link pra eu ver os outros conteúdos... Muito obrigado por enquanto; falaremos mais; foi muito esclarecedor.

Out44: Um fraterabraço MC7!


MC7: outro fraterno abraço!!

10 julho 2013

Estudo do filme Matrix

Olá confrades! Estou disponibilizando um novo blog com estudos feitos do filme Matrix, mediante a luz do paradigma Krishnamurti. Esse estudo foi realizado em meados de 2007. Segue o link para quem quiser conferir os 18 capítulos (até agora postei somente 13, mas amanhã devem estar todos disponíveis:

08 julho 2013

Constatação sobre privilégios de classes


Enquanto o interesse de privilégios de classes 
for superior ao interesse dos direitos coletivos, 
não haverá democracia de fato.

06 julho 2013

Constatação sobre o experimentar do Ser que somos

Do mesmo modo que você não pode experimentar o gosto de uma fruta através da língua do seu vizinho, você não pode saber o que é a verdadeira liberdade do ser que somos por meio da limitada transmissão — falada ou escrita — da experiência de outro ser humano. 

04 julho 2013

Um recado aos de intelectualismo nerd de pura consciência


 Para assistir o trecho do filme Poder Além da Vida, citado neste áudio, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=TPw3DsXCObQ

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!