Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

21 fevereiro 2013

Diálogo sobre a transmissão do novo paradigma

Dali

Out: Oi.

Deca: Oi, arrumou sua máquina?

Deca: Ainda não; os meninos estão configurando; estou na máquina de um deles.

Out: Queria lhe mostrar uma conversa que tive.

Deca: Meu chefe levou a hd para ver se consegue recuperar.

Out: Quer ler?

Deca: Beleza! Mostra ai. Sim, está no blog?

Out: http://historiasparacuidardoser.blogspot.com.br/2013/02/dialogo-sobre-o-viver.html

Deca: Legal! Vou ler! Depos te chamo.

Out: Legal; vai lá!

(...)

Deca: Oi! Já li!

Out: Ok.

Deca: O que está fazendo?

Out: estava meditando num texto aqui.

Deca: Muito ocupado?

Out: Não!

Deca: Eu estava pensando sobre o tema de ontem...

Out: Diga.

Deca: Foi um texto muito bom! Achei que deve ser bem abordado, por causa das pessoas novas. Essa moça da conversa participa do Paltalk?

Out: Creio que não; pelo que parece, só acompanha os textos nas comunas ou no Histórias para Cuidar do Ser; não sei ao certo.

Deca: Percebo a dificuldade das pessoas, quando se deparam com falas do tipo “observador e a coisa observada”.

Out: Sim, isso é fato! Parece ser onde a mente cartesiana acaba travando.

Deca: Era a parte mais difícil que eu também achava.

Out: Sim. Aparentemente, a coisa soa por demais intelectual. Como poderíamos abordar isso de maneira mais “atrativa”, digamos assim?

Deca: Esse trocadilho, “observador e coisa observada”, a princípio, parece coisa do além...

Out: Sim!

Deca: Como poderíamos abordar isso sem deixar que caia nessa conotação de intelectualismo?

Out: Você sabe muito muito que essa busca da “palavra correta” é uma das minhas grandes preocupações... Penso ser parte de minha vocação, como tornar isso acessível ao coração?

Deca: É para se meditar, e ver a forma correta para a mensagem cair direto ao coração.

Out: Quem sabe, poderíamos fazer uma reunião sobre isso. Por exemplo: “Rompendo a barreira criada pelo intelecto diante do observador e coisa observada”... Nessa reunião, falaríamos sobre isso. No entanto, acho que será sempre difícil para aquele que ainda não teve o "despertar do observador que observa o fluxo mental/emocional".

Deca: Sim!

Out: Enquanto a pessoa não se "percebe" como um observador observando em si mesma o fluxo da mente e das emoções, isso me parece que, de fato, soará como uma complexa verborréia intelectual.

Deca: Mesmo porque, o observador e a coisa observada é o pensamento... A pessoa viaja achando que é separado.

Out: Penso que precisa ocorrer esse insight, esse despertar, onde a pessoa se perceba, percebendo.

Deca: Como falei na reunião de ontem, quanto a observação, quando me flagrei batendo os dentes... Parei imediatamente. E é assim que ocorre quando percebo qualquer emoção querendo entrar.

Out: Por isso que no texto, usei a expressão "engatinhar", se lembra?

Deca: Sim! Tenho procurado usar mais a expressão observação", pois acho que está mais próxima do coração.

Out: Percebo que aqui, é preciso de fato, engatinhar com quem está tendo esse primeiro contato... É como ajudar a criança a ficar de pé. No entanto, sem a percepção do observador, mesmo essa mensagem, ficará só no nível das ideias. Você acompanhou? Como podemos facultar isso?

Deca: Ué? Você não viu minhas respostas?

Out: Vi.

Deca: É uma coisa a ser estudada.

Out: Não vejo como fugir dessa expressão "observador e coisa observada".

Deca: Sim, mas só quem já teve um despertar em relação a isso vai compreender, do contrário, acaba ficando algo muito confuso.

Out: Sim, é isso mesmo que tenho percebido.

Deca: Aparentemente é um paradoxo.

Out: Seria como levar a mensagem do alcoolismo para quem ainda não teve seu fundo de poço; para quem ainda não se percebeu sua própria dificuldade diante do álcool; ele não compreenderá a mensagem de um alcoólatra em recuperação. Por isso que enfatizo essa importância dos 40 anos no deserto do real... Isso quando estamos falando de pessoas por anos condicionada a ser a mente... Penso que, com adolescentes primários, essa compreensão pode ser mais fácil. Suas mentes ainda não estão saturadas. Já os “adulterados adultos adulterantes”, a coisa fica quase que impossível. Isso devido as grossas camadas protetoras da lógica racional de uma mente profundamente cartesiana. Tenho meditado muito sobre isso; penso que a confraria possa funcionar como um "despertador", e só! Tão somente um despertador! Como você vê isso? O trabalho seria facultar a passagem da ego-consciência para a consciência do ego, para, num segundo momento, quem sabe, por si mesmo, estes chegarem à consciência da Consciência que são. Facultar esse rito de passagem da ego-existência para consciência da existência do ego.... Por favor, não me deixe no vácuo — a não ser que esteja muito ocupada ai. Penso ser este diálogo muito importante e penso em compartilhá-lo para os demais confrades.

Deca: Oi, estava ocupada aqui... A Matrix em ação, como sempre, bem na hora que a coisa está fluindo...

Out: Ok! Sabemos que é assim mesmo!

Deca: Não se esqueça que estou no trabalho... Escrava!

Out: Você sabe mais do que ninguém o quanto me sinto meio que responsável por esses questionamentos que possam viabilizar a transmissão da mensagem, de modo que possa não ficar presa na limitação das palavras.

Deca: Sim! Também me preocupo demais com isso.

Out: Sabemos que, a maioria não dispõe de tempo para essas reflexões, justamente por estarem por demais comprometidos com o sistema condicionante escravizante; eles estão no movimento da maré.

Deca: Sim! E não possuem essa consciência que você falou de que estão identificado com o ego, dificultando mais ainda essa coisa do observador e coisa observada.

Out: Em vista dessa dificuldade de percepção, que “isca” poderíamos usar para atraí-los, para que alcancem a margem desta mensagem?

Deca: Acredito que, a partir do momento que tiverem essa consciência do ego, a coisa fica digerível.

Out: Então, se olharmos assim, torna-se "necessário" longos anos de sofrimento?

Deca: Não basta despertar.... Como foi que você se tornou consciente disso? Para mim, como bem sabe, foi num click, algo não esperado!... A compreensão de “observador e coisa observada”, não foi resultado de análise, de reflexão, tipo algo pensado, mas sim, algo vivenciado diretamente, algo sentido.

Out: Mas esse clique, em nós, veio num momento de pico de profundo conflito existencial. Seria só por ai?

Deca: Não sei! Pensando, não posso lhe responder; seria do nível do conhecido.

Out: Seria realmente necessário esse desenvolvimento e endurecimento do ego, até o ponto de fundo de poço, para que possa ocorrer esse atravessar do portal que leva da ego-consciência à consciência do ego? Porque, sem que isso ocorra, seria possível a presença de um salto quântico que levaria diretamente à compreensão visceral da Consciência Amorosa que somos?

Deca: Não vejo pessoas que estejam satisfeitas com suas vidas, demonstrarem real interesse e disposição de energia para colocar esse processo em movimento; a não ser que tenham isso desde sempre e que assim o busquem.

Out: Veja bem que estamos apontando para o engatinhar do auto-conhecimento... O qual tem seus primeiros passos no engatinhar do ego-conhecimento. Que dirá esse estágio avançado, esse nível superior — por ora digamos assim — que vai da consciência do ego à Consciência do Ser que somos? Percebe?

Deca: Sim! Mas é necessário, a princípio, a instalação, o despertar da consciência do ego.

Out: Sim!

Deca: Sem essa o madurar dessa consciência, a pessoa vai ficar presa no coro dos contentes.

Out: Sair da faze umbigóide da ego-consciência, dos limites enclausurantes dessa ego-consciência programada, ajustada, para a liberdade do Ser que somos... É uma viagem e tanto!

Deca: Sim! E fundamental! Se não tiver um click pode ser uma longa jornada, ou um naufrágio, como já vimos acontecer com muitos, ao logo destes anos.

Out: Veja, mesmo as companhias de viagem precisam de anúncios com falas e imagens especificas, para poder atrair interesse de consumo. Seria viagem de nossa parte, se preocupar com uma mensagem que lhes apresente “sumo” ao invés de consumi-las?... Penso que a comunicação milenar que praticamos hoje, surgiu de alguém despertando para a necessidade de criar um código de símbolos que apontem para um simbolizado...

Deca: Sim!

Out: Estamos exercitando isso agora, você não acha?

Deca: Sim! Sinto ser de máxima urgência; uma linguagem talvez mais simples, que vá direto ao coração.

Out: Ok! Percebemos a limitação que o intelecto sente diante de frases como "observador e coisa observada", isso é um fato, não se trata de achismo. Ao longo de quase uma década de estudos e conversas tivemos imensos exemplos disso, inclusive com familiares queridos; pessoas que até apresentam uma certa seriedade, apesar da enorme carga condicionante que sustentam.

Deca: É, mas vejo que quando chegam nisso, parece que se assustam...

Out: Muito bem! Percebemos a dificuldade que a grande maioria acaba enfrentando em seus primeiros contatos com a abordagem de Krishnamurti...

Deca: Exatamente porque a pessoa interpreta com o intelecto e, sendo assim, não há compreensão.

Out: Talvez, pelo fato da maior parte da mensagem de Krishnamurti ser expressa através de um português arcaico — penso que isso é outro fator que atrapalha bastante.

Deca: A princípio, como sabemos, soa como uma linguagem complicada. Isso porque ninguém nunca ouviu alguém falar sobre esse tipo de abordagem. Quem mais, na historia humana, falou desse modo?

Out: Sim, é muito original e profundamente extraordinário. Por isso que vi nos filmes e nas letras de música, uma ferramenta de suporte de apontamento para isso...

Deca: Sim; temos que achar uma interpretação mais simples.

Out: Sinto que, incialmente, para aqueles que tenham o intelecto muito endurecido, a arte é fundamental aqui; talvez, pela ação da arte, por sua poética, por sua noética, possa ocorrer uma trinca nas grossas paredes da razão e da lógica. E, através dessa trinca, possa passar um faixo que seja dessa luz da Consciência, e que pela sua ação, ocorra a instalação do observador. Mas só a arte não basta!

Deca: Sim! É uma ferramenta!

Out: Precisamos aqui, desenvolver a nossa arte da fala e, quem sabe, nessa arte da fala, trabalhar ainda mais a ferramenta que aponte para a necessidade de mente aberta para o exercício da escuta atenta. Acho que foi isso que K sempre fez como preliminar de suas falas; sempre apontando e questionando a maneira como as pessoas iriam lhe ouvir.

Deca: Sim, porque, como pode ser visto, sua fala foi mudando, de acordo com o momento... de acordo com o passar dos anos.

Out: Mesmo assim, penso que é preciso que ocorra o surgimento de palavras e símbolos que sejam uma expressão nossa, original, autentica, genuína, fato que já vem ocorrendo, como por exemplo, frases do tipo: "Adultos, Adulterados e Adulterantes", “Observar, absorver e absolver-se”...

Deca: “Saídas do Ser”, “É nós no agora”, “Excelência no Agora que somos”...

Out: Frases que são de fácil compreensão diante da enorme simbologia que apresentam.

Deca: Sim, frases simples e atuais que, para um bom observador, dizem tudo.

Out: Isso! Mas, deixemos isso reverberar... Percebemos isso como fato: a necessidade de superar a frase "observador e coisa observada"... Há que se manifestar um modo de dizer isso, mas de maneira mais palatável.

Deca: Sim, sem a interferência do pensamento, as frases irão surgindo! Através dessa observação, sabemos que as coisas vêm, sabemos que funciona!

Out: Sinto que é por ai! Bem, agora vou ter que encerrar nossa meditação... Magro chegou aqui!... hahahah será o sistema?

Deca: Será o próprio enviado da Matrix? Por falar em Matrix, daqui a pouco vou embora; acho que terei carona.

Out: Acho que não! Afinal, ambos participamos do “Resgate do soldado Magro”... Há muito trabalho pra instalar os novos softers nele, então, vou aproveitar aqui! kkk

Deca: Trabalho árduo esse! Beijos!

Out: Outro! Lhe pego as 19hs. Fui!

Deca: Ok! Beijo!

Out: Então? Essa conversa? Vai pro blog ou não vai?

Deca: Vai!

Sobre as dores de parto do Ser que somos

A.P.: Ah! Que bom que encontrei você aqui. Tenho entrado pouco ou nada no facebook. Entrei agora só para procurar você ou a Deca. Gente, que coisa interessante esse diálogo de vocês. Ainda não terminei, mas não me contive. Entrei aqui pra procurar um de vocês. Justo ontem, que não consegui entrar na sala para reunião.  A Deca está por ai? 

Out.: Oi! Acabamos de chegar; desculpe por não responder antes.

A.P.: Ok, tudo bem! Estou ouvindo o áudio da reunião de ontem.

Out.: Que legal; foi forte ontem! Espere que a Deca já vai ligar o notebook.

A.P.: Poxa...foi mesmo. Está bem.

Out.: Dividi a reunião em vários áudios.

A.P.: Continuarei aqui ouvindo.

Out.: Todos foram muito felizes em suas falas.

A.P.: E aguardo ela para conversarmos um pouco, se ela puder, se não estiver muito ocupada.

Eu vi que tem vários áudios.

Out.: Tenho visto uma retomada de consciência por parte dos confrades.

A.P.: Muito legal. 

Out.: É nítida a percepção da mudança do estado de consciência, por ora, digamos assim.

A.P.: Isso é muito bom, não é?...

Out.: Sim!

A.P.: Tenho tido dias difíceis de ontem para hoje... Recaída nas minhas crises; sinto-me um pouco triste, sentindo dor... Tentando não me identificar com ela; tentando entender essa coisa do observador e coisa observada. Quando li o diálogo de vocês, me emocionei profundamente. Me tocou o coração; como se fosse exatamente aquilo que eu precisava ler, mas que não sabia como perguntar ou se existia o que perguntar. Sabe?

Out.: Fico feliz por você estar se identificando com esses diálogos.

A.P.: Muito forte.

Out.: Deca está tomando um banho e disse que assim que sair vai falar com você. Quanto a dor, quanto ao sofrimento, sugiro olhe para isso, sem tentar evitar, sem tentar nomear, sem verbalizar, tentar justificar... Apenas olhe! Sei que você é capaz disso. Se o fizer, vai perceber com isso, que você não é a dor, não é o sofrimento e, ao se dar conta disso, devido a não identificação, perceberá que a dor se vai, o sofrimento se vai, pois não há mais aquele desperdício de energia, antes produzida pela antiga identificação; você começa a perceber-se como a CONSCIÊNCIA que observa e começa a constatar que, pensamentos vem e vão, sentimentos vem e vão, dores vem e vão, emoções vem e vão... E o que fica, então? Só aquilo que você realmente é. Isso precisa ser uma vivência consciencial sua (digamos assim – as palavras limitam a expressão) para que se abra um estado de ser onde essa consciência que somos — não que temos — se manifeste cada vez com mais intensidade e propriedade... Está confuso isso?

A.P.: Não, não. Está claro. Eu já tinha conseguido fazer/sentir. Desde que comecei a ler o material e participar das reuniões, tive alguns momentos em que consegui fazer isso: perceber a consciência e é maravilhoso. Mas, não consigo sempre... Não sei no que estou errando, ou fazendo de errado, enfim...

Out.: Olha só... Tem mais uma coisa aqui muito importante, ou melhor, duas...

A.P.: Diga!

Out.: Primeiro, por que buscamos segurança no desejo de permanência desses momentos onde conflitos não se apresentam? Tente olhar para isso e perceba se isso não traz consigo o desejo com o outro lado da moeda que é sempre medo e conflito? Sugiro meditar sobre isso... Ocorreu-me também lhe falar sobre a questão da tristeza... Não sei se é isso que você está vivenciando, se é isso que está ocorrendo ai com você, uma espécie de sentimento de "luto"... Seria isso?

A.P.: Sim.

Out.: Ok! Bingo!

A.P.: Como se fosse por um eu que morreu!

Out.: Então, veja...

A.P.: Será isso?

Out.: Acompanhe-me, por favor...

A.P.: Certo!

Out.: Veja, estamos identificados por anos e anos a viver num modo de vida automático, impulsivo, sem a ação da presença da consciência que somos, portanto, totalmente identificados como sendo o "eu", o "ego", a "persona", a qual se tornou a identidade que pensamos ser, uma entidade impulsiva, quase sempre reativa, inconsciente e inconsequente; esse foi o nosso modo operante até aqui. Então, surge esse novo paradigma, o qual, sem que você perceba, começa a instalar as bases da implosão do antigo estado inconsciente e inconsequente de ser; você não percebe mas, ele está lá, instalado, demolindo conceitos, achismos, tendências reativas, tendências emocionais, manias, ou seja, tudo o que pensávamos ser e no qual estávamos profundamente viciados, encontra-se repentinamente em processo de morte. Classifico isso como sintomas da síndrome de abstinência de um modo de ser sem a presença da consciência que somos; as células cerebrais, as células do corpo estão viciadas com a carga energética antiga, com a carga de adrenalina, com a carga de ansiedade, com a carga defensiva causada pelos medos — em sua maior parte, inconscientes — e, de repente, é quebrado esse processo cíclico que também é físico — uma vez que classifico a pensamentose descentralizante como uma doença mental, emocional e física. Nessa “observação passiva” daquilo que se apresenta, de momento a momento, a cadeia da rede do pensamento psicológico condicionado é quebrada, e a mente sente; o corpo sente; as células sentem; o DNA sente. E, como a consciência que somos ainda não está consciente disso, — e por isso se ressente — de forma inconsciente, tenta abortar as dores de parto de uma nova mulher, de um novo homem, de um novo estado de ser que consciência pura. Isto está fazendo sentido? Reverbera ai?

A.P.: Sim, sim.

Out.: Então, perceber o luto...

A.P.: Eu não tinha me dado comenta disto...

Out.: Honrá-lo!

A.P.: Isso faz todo sentido!

Out.: Você está num momento fecundo; numa gravidez de risco... Um modo ilusório e inconsciente de ser está morrendo e um modo real, vivo, criativo, amoroso está ressurgindo das cinzas dos condicionamentos calcinados... Portanto, é natural essa tristeza... Faz parte do processo! Abrace-a!... Abrace-a como abraçaria uma criança querida, afinal, ela é a sua criança interior ferida, sendo curada, sendo trazida para a realidade existencial que é... Portanto, sugiro que você olhe para essa dor com carinho, com compaixão, pois nela, encontram-se as sementes de sua integridade criativa; nela encontram-se as sementes de sua real vocação; nela se encontram o recado que aquilo que é você, veio trazer para este mundo caótica e em estado de acelerada decadência. Quando digo mundo, não me refiro aqui à natureza; ela tem mostrado ao longo dos anos que sabe se virar muito quando um organismo está por demais fora do controle. Os dinossauros e tantas espécies mais que nos digam! Refiro-me ao mundo psicológico do Homo Demens que se pensa Sapiens. Em vista de tal descoberta, de tal revelação, que mais poderemos querer? Haverá sucesso a ser buscado maior que esse? A descoberta de seu tom, a descoberta de seu som, a descoberta de seu sopro, do sopro que lhe habita e na qual você é?... Sugiro que você medite sobre isso! Essa dor não está ai para desintegrar aquilo que você é, afinal, o que você é vai além do tempo, espaço e matéria. Essa dor que aí está, são as dores da convalescência do Ser que somos, portanto, como dizem nossos confrades dos Titãs, não fuja da dor; fugir da dor é fugir da própria cura. Permita-se: seja! O mundo mais do que nunca, merece por isso!...

Vou ficando por aqui! A Deca já está on-line! Abrace sua dor!

A.P.: Pois é... Pensei nisso quando hoje fui caminhar; pensei na minha missão aqui na terra, enquanto ser, neste corpo. Grata pelas suas palavras; foram esclarecedoras! Estou emocionada, ainda não consigo falar direito. Grata. De verdade.

Out.: Estamos juntos! Deca lhe aguarda! Você não está só: basta olhar pra dentro!

____________________________________________

Diálogo via Facebook

Diálogo sobre o viver

viver
Out: Uhmm!!! Sei não! Remendar o mesmo velho?... O lance, me parece, é jogar fora essa roupa velha chamada "eu"...

PL: O novo está sempre em construção. Como jogo o eu velho?

Out: Olá! Talvez, começando por não perguntar para ninguém, para nenhuma organização, para nenhum sistema de crença, para nenhum instrutor, como se libertar dessa roupa velha e por demais puída que pensamos ser... E, por si só, se abrir para essa pergunta, dando espaço para o reverberar dela naquilo que realmente somos... Talvez seja por ai! O que somos não se encontra na ponte do tempo psicológico "passado-futuro"... O que somos é este momento; O que somos está além das formas; O que somos está além dos limites da palavra;

PL: Certo somos o que somos.... Creio que posso sim fazer remendos em muitas coisas na minha vida; uma reforma, você não acha que pode melhorar algumas coisas?

Out: penso que a base continua a mesma: o eu condicionado, apenas trocando de condicionamentos, talvez, estes, socialmente mais aceitáveis; é como podar as folhas de uma árvore sem investir energia para observar a qualidade de sua raiz; nesse caso, o que se poda, sempre é passível de novamente crescer; pode até vir com leves alterações, mas está lá. Esse me parece ser um dos correntes condicionamentos sociais: a crença no melhoramento, nos reparos localizados, nessa entidade condicionada que é a personalidade a qual fomos criados para pensar que a somos; o que somos, sinto estar encoberto por essa persona criada pelo parental e social e, por nós alimentada, devido um período de total inconsciência. Reparação externa, para mim, é como pintar as grades da prisão, como embelezar um pouco a cela: não traz liberdade. Penso ser muito fácil saber se isso que você está propondo é ou não funcional... Se me permite, lanço lhe algumas pequenas perguntas, não para que você responda rapidamente para mim, mas para que fique com elas, deixando-as reverberarem em seu interior...

São elas: “Você é feliz?”... “Você sabe o que é liberdade?”... “Você sabe o que é uma genuína intimidade consigo mesma, com a natureza e com outro ser humano?”... Você sabe por experiência direta, por vivência direta, o que é isso que tentam expressar através da limitada palavra "deus"?

PL: Sim! Não posso nem te responder; você é uma pessoa que tem o conhecimento que não tenho; apenas posto o que gosto e não tenho intenção de nada.

Out: Veja, por favor, nada de pessoal aqui. Li seu post, meditei com você e, com a minha resposta em seu post, a convidei para meditarmos juntos; só isso! Não acredito em remendos! Remendo novo em roupa velha?... Já disse alguém que passou aqui há muitos anos e, que pelo que parece, não foi entendido por quase ninguém.

PL: Obrigada!

Out: Todo meu respeito ai!

PL: Vou ler suas perguntas sim; gosto de saber e entender...

Out: Ok! Abraço fraterno!

PL: Você pode me ajudar? Estamos aqui para aprender uns com os outros; acredito que alguns estejam num estado mais evoluído e outros não.

Out: Olha! Cmo costumo brincar, podemos "trocar figurinhas sem colar"; não dá para colar nada; nada de permanência; as percepções mudam... Vamos trocando "abobrinhas", elas tem vitaminas e só depende do tempero de cada um para se mostrarem nutritivamente saborosas.

PL: Sim! Entendo. Out, sei lá, acho que posto bobeiras mesmo, ou talvez, não consiga expressar aquilo que penso.

Out: Olha, não há espaço para comparações e julgamentos; o lance é observar... Absorver o que é verdadeiro e o que é falso e, nesse absorver, se absolver das ilusões. Cada um no seu ritmo; cada um no seu compasso; cada um no sopro que lhe habita. Está tudo certo! Tudo é meditação!

PL: Sim! Já volto! Telefone!

Out: Ok!

PL: Oi! Você não tem religião? Li na sua página.

Out: Bem, aqui é preciso fazer uma distinção; acho que o que você me pergunta é se faço parte de algum sistema de crença organizada... Nesse caso, não pertenço a nenhum sistema.

PL: Nem eu.

Out: Agora, todos temos uma religião, pessoal, única e intransferível, que é esse movimento interno que nos aponta que algo falta, que a vida não pode ser só isso, que nos faz questionar, que nos faz arriscar abrir mãos de todas as desnutritivas convenções  religião é esse impulso que se manifesta através do tédio, através da insatisfação, através do sentimento de rotina; isso para mim é religião.

PL: Acredito que a vida não é só isso.

Out: Religião é essa "saudade" daquilo que sentimos existir e que não se encontra nos limites das palavras, nos limites da mente, nos limites do manifesto; é essa ânsia pela manifestação do não-manifesto e que, muitas vezes,

Acabamos confundindo com essas transitoriedades externas que prometem por alegria e felicidade e bem estar, mas que frustram em seu devido tempo.

PL: Saudades do que ainda não temos...

Out: Não, não. Não se trata de ter ou não ter; somos isso; isso que somos é a essência da religião.

PL: Sou lenta!

Out: Religião é essa fala interna que nos diz: “Veja, você se afastou daquilo que realmente é, em nome de ter a aceitação dos outros, ter a aceitação da sociedade; portanto, lance isso por terra! Rasgue já os remendos e perceba, por si mesma, o que você é e que já está aí.

PL: Difícil!

Out: Isso que você diz, seria o mesmo que uma gota do oceano estar procurando pelo oceano. É o pensamento dela que criou a separação dela como sendo uma gota.

PL: Sou uma pessoa muito medrosa.

Out: Todos somos; é natural, fomos formados pelo medo, para o medo.

PL: Estou tentando.

Out: Aceitar isso, aceitar o fato que temos medo, sem mascarar, penso ser o início da coragem. Vivemos numa cultura do medo; vivemos na educação do medo e da vergonha; é natural, depois de anos de exposição à isso, sermos o medo. Dentro desse condicionamento, não temos medo: somos o medo! Isso, enquanto nos identificamos com ele. Veja, não aprendemos a olhar nossos medos de frente; não aprendemos a convidá-los para um chá das cinco; não somos íntimos dele. Se nos sentássemos com ele, descobriríamos do que é feito, de qual é a sua natureza e, perceberíamos que o medo é pensamento; é o pensamento não observado, este, sempre atuando no fundinho de nossa mente, enquanto estamos agindo de forma mecânica nas atividades do dia a dia. Esse pensamento não observado é uma projeção na mente, seja ela do passado, seja ela no futuro; portanto, são fantasmas. Quando se é criança, é natural ter medo de fantasmas mas, não quando adentramos na fase adulta. Penso que o que separa os adultos dos adolescentes psicológicos é essa disposição de dar as boas vindas aos medos; é essa disposição de "dar a outra face ao inimigo"; é essa disposição de "fazer as pazes com teu inimigo oculto".

PL: Sim! Pior que é a verdade! Mas, o medo também age como forma de proteção.

Out: Veja, quando é proteção, não há espaço para o medo, só há ação imediata; o medo é sempre uma projeção no tempo, portanto, uma irrealidade. Ele traz sempre reações, ou seja, ações em ré; ações repetidas do passado. Quando há um perigo real, há ação imediata; depois da ação, quando o pensamento surge, é que temos o medo; é o pensamento que começa com os "poderia acontecer", "e se"... Tudo isso que sabemos bem como que é.

PL: Ok! Então é assim: vou fazer uma cirurgia, certo? Tenho medo.

Out: Isso é medo! Um movimento da mente no vir-a-ser.

PL: É normal.

Out: Não, não é normal! Por que viver nessa masturbação mental quanto ao que possa ou não ocorrer? Por que, absorvido nessa preocupação, perder o agora?

PL: Eu tenho...

Out: A necessidade da operação é fato! O que se pensa sobre ela e seus possíveis resultados não é fato! Se ocorre esse medo, olhe, observe, veja suas nuances, suas falas, suas imagens, seus filminhos... Perceba seu movimento nisso... Você perceberá que você não é o medo, mas sim, a consciência que está se tornando consciente daquilo que antes era inconsciente: o medo. Esse estado de observação cria uma espécie de "espaço" entre aquilo que você é realmente e o medo; isso é como um isolante térmico que não deixa o medo “se alastrar”, percebe?

PL: Entendendo, tentando...

Out: Veja, engatinhemos aqui: como você pode ser aquilo que está observando?... Você é o observador ou é a coisa que está sendo observada? Percebe a magia disso?

PL: Out, podemos continuar mais tarde?

Out: Sim, claro! Deixe reverberar isso ai em você. Valeu a prosa!

PL: Quero continuar te ouvindo, ou melhor, lendo.

Out: Ok!

PL: Você é rápido!

Out: Se me permite: leia-se enquanto me lê; quem sabe, nesse movimento, você consiga encontrar o autógrafo do seu autor, que em última e intransferível percepção, é você mesma.

PL: Posso te preguntar o que você faz da vida e onde obteve tanto conhecimento? É professor? E, com certeza, você segue uma linha.

Out: Fui agraciado por poderosas depressões iniciáticas na escola da Grand Vida; elas me ensinaram a questionar, a observar e a compartilhar. Profissionalmente, no momento sou apenas um fotógrafo.

PL: Estudioso.

Out: Agradeço a vida pelo presente da depressão; foi o melhor acontecimento, mesmo sendo profundamente doloroso.

PL: Sim! Eu também agradeço pelas fraturas no tornozelo, as várias depressões e os quadros de ansiedade. Vou indo! Senão, não desenrolo e nem remendo rsrrs

Out: Valeu! Excelência no agora que é você!

PL: Grata! Fui!
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Diálogo via Facebook

Uma confraria de desingressantes

A tríplice-benção: Tédio, Insatisfação e inconformismo

07 fevereiro 2013

A sociedade é para o indivíduo ou o indivíduo é para a sociedade?

Deserto bendito

No deserto das crenças
É que desperto a ciência
Do Deus, perto, Consciência. 

Outsider

02 fevereiro 2013

Sobre a sociedade

A sociedade é o exercício pleno da hipocrisia!

Outsider

Sobre a sociedade

A sociedade é o exercício pleno da hipocrisia!

Outsider

Constatações sobre sistema de crença organizada

Penso que um dos condicionamentos sociais dos mais ilusórios está em confundir "sistema coletivo de crença organizada" (como nunca antes tão rentável e manipulável), como sendo "religião". Para mim, sinto que "Religião" é um estado de ser; uma vivência direta, pessoal, intransferível e, sendo assim, absolutamente incapaz de ser organizada; é o impulso individual em busca de seu "religare" — entre mente e coração —; o impulso individual que anseia pela superação desse estado de dualidade, responsável pela ilusão de separatividade, tão presente, nas assim chamadas "religiões".

Outsider

Não se acostume com o que não o faz feliz

Alguém disse que, Fernando Pessoa, um dia disse: 

"Não se acostume com o que não o faz feliz." 

Em meio disse, surge-me a questão:

O que não nos faz feliz seria algo externo, ou seria essa entidade que se "acostuma" com o que pensa não lhe fazer feliz e com a qual, estamos acostumados a pensar que somos?

Outsider

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!