Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

18 novembro 2010

O que é que nos impede de aceitar novas idéias?


“A pessoa que abraça o novo paradigma logo no inicio, muitas vezes precisa fazê-lo desafiando as provas oferecidas pela solução dos problemas, ele precisa, portanto, ter fé que o novo paradigma terá sucesso, apesar dos muitos problemas que enfrenta, sabendo apenas que o paradigma anterior falhou um pouco. Uma decisão desse tipo só pode ser tomada com fé.”



Meu nome é Joel Backer, sou um futurista, trabalho com corporações e instituições pelo mundo inteiro ajudando-as a melhorar suas habilidades de avaliar novas idéias e de prever mudanças.

Há quase vinte anos venho estudando a mudança que tanto impede uma grande idéia nova de ser aceita e nunca foi nada diferente. Mesmo se a idéia for um modo melhor de se conduzir uma empresa ou uma descoberta cientifica, as pessoas têm sempre resistido à mudança.

É tão fácil dizer não a uma idéia nova. Afinal idéias novas causam mudanças, elas destroem o “status quo”, elas criam incertezas, é sempre muito mais fácil fazer como sempre fizemos, é mais fácil talvez, mais perigoso com certeza. Idéias novas são repelidas em diretorias e linhas de produção no mundo inteiro. Idéias boas são derrubadas por pessoas que supõem que o futuro nada mais é que uma simples continuação do passado, que as idéias que nos trouxeram até onde estamos hoje são as mesmas idéias que irão nos levar até o amanhã.

Em Veneza, no século XVI, este era o problema de Galileu. Ele era defensor da teoria de Copérnico de que era o Sol e não a Terra, o centro do Sistema Solar. Para provar essa teoria aos líderes da época, ele os levou ao topo da torre de São Marco e lá, usando um novo telescópio que desenvolvera, ele lhes mostrou as novas descobertas que havia feito no céu noturno. Bom, em poucas palavras esta era uma idéia revolucionária, contradizia as observações óbvias. De fato, antagonizava tanto as vozes das autoridades que, Galileu foi ameaçado de tortura para se retratar de sua afirmação. E vocês pensam que é difícil vender idéias? No final, as idéias de Galileu venceram. Mas a grande dúvida aqui é por que a resistência? Seja no século XVI ou no século XX, o que será que nos impede de ver, aceitar e compreender idéias novas?

Pensem em algumas das idéias novas que vimos nas últimas duas décadas – de minoria lutando por seus direitos básicos até esses direitos serem garantidos por lei, de computadores de grande porte custando milhões de dólares a computadores Laptop igualmente poderosos que quase todos podem comprar, de uma atitude de que a qualidade era um luxo para poucos à qualidade sendo uma expectativa de todos.

Essas mudanças e centenas de similares são mais do que simples melhorias, elas são revoluções. Elas estão mudando o mundo para sempre e estão nos fazendo reavaliar os velhos modos de se fazer as coisas, estão abrindo portas a possibilidades que não poderíamos ter visto antes, estão nos libertando de limites. Mesmo assim, cada uma destas idéias encontrou bastante resistência de pessoas sensatas. Deixe-me perguntar de novo: “O que é que nos impede de aceitar novas idéias?”

Eu sei a resposta para esta pergunta e quando vocês a souberem, estarão mais abertos a inovações, mais capazes de conduzir mudanças, estarão pronto para descobrir o futuro.

Percebem? Tudo tem a ver com os paradigmas.

Paradigma é uma palavra meio incomum, não se ouve todo dia. Eu encontrei há quase 20 anos, durante meus estudos sobre descoberta científica. Era o termo que Thomas Khun usava para descrever um conceito em seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”.

Se vocês olharem "paradigma" no dicionário, verão que significa padrão ou modelo. Deixe-me propor outra definição. Paradigmas são conjuntos de regras e regulamentos que fazem duas coisas:

  1. Estabelecem limites. De certo modo, é o mesmo que o padrão faz, nos dá os cantos, as fronteiras.

  2. Essas regras e regulamentos então vão lhe dizer como ter sucesso resolvendo problemas dentro destes limites.

Em seu livro, Thomas Khun examinava como os cientistas mudavam seus paradigmas em Física, Química ou Biologia e o que acontecia quando o faziam.

O que ele descobriu pode explicar porque tantas vezes deixamos de prever grandes e significativas descobertas. Suas conclusões podem ajudar a você e a mim a lidar com a mudança com mais eficácia.

Bom, o que ele descobriu?

Khun descobriu que os paradigmas agem como filtros que retêm dados que vem à mente do cientista. Dados que concordem com o paradigma do cientista, tem acesso fácil ao reconhecimento, de fato, os cientistas vêm esse tipo de dados incrivelmente bem, com muita clareza e compreensão. Isso é bom, mas Khun descobriu também um efeito negativo e espantoso: com alguns dados os cientistas tinham uma tremenda dificuldade. Por que?

Porque esses dados não combinavam com as expectativas criadas por seus paradigmas, e de fato, quanto mais inesperados fossem os dados, mais dificuldades os cientistas tinham em percebê-los. Em alguns casos, simplesmente ignoravam os dados inesperados e as vezes distorciam esses dados até que se ajustassem ao paradigma em lugar de reconhecer que eram exceções das regras, e em casos extremos Khun descobriu que os cientistas literalmente, fisiologicamente eram incapazes de perceber os dados inesperados. Para qualquer propósito prático aqueles dados eram invisíveis.

Colocando em termos genéricos, os paradigmas filtram a experiência que chega. Estamos vendo o mundo através de nossos paradigmas o tempo todo. Constantemente selecionamos do mundo aqueles dados que se ajustam melhor às nossas regras e regulamentos e tentamos ignorar o resto. Como resultado o que pode ser perfeitamente obvio para uma pessoa com um paradigma, pode ser totalmente imperceptível para alguém com um paradigma diferente.

Eu chamo este fenômeno de EFEITO PARADIGMA e já vi muitas vezes o que Khun descreve para cientistas se aplicar para qualquer um que tenha sólidas regras e regulamentos em sua vida, e quem não os tem?

Trabalhando com empresas de todo o mundo, já vi este efeito paradigma cegar empresários para novas oportunidades, fazer vendedores não verem novos mercados, obstruir estratégias eficazes de gerência, e isso é capaz de cegar todo e qualquer um de nós, à soluções criativas para problemas difíceis. Seja no Exército ou no Movimento Ecológico, a Associação Médica Brasileira ou a Liga das Mulheres Cristãs, seja o Citibank ou a IBM, o jeito que o treinador chuta a bola ou que a mamãe limpa a cozinha, lidamos com paradigmas a todo tempo, e eu acredito que são nossas regras e regulamentos que nos impedem de acertar ao prevermos o futuro, porque nós tentamos descobrir o futuro procurando por ele com nossos velhos paradigmas. Assim, nos anos 60 olhamos para frente e concluímos: gasolina é sempre barata, quatro filhos é o número ideal, a televisão a cabo nunca vai pegar, os produtos japoneses nunca vão prestar. Vejam só como erramos, e erramos porque nossos paradigmas conseguiram nos impedir de ver o que realmente estava acontecendo.

Por exemplo, milhões de americanos ultimamente adotaram o paradigma de se manterem em forma e eles têm novas regras e regulamentos sobre os exercícios, mas quanto deles, quantos de vocês estariam dispostos a entrarem numa corrida de 112 km. É eu disse corrida. Sim na cultura ocidental as palavras 112 Km de corrida não combinam, 112 km de dirigir sim, mas no Norte do México corridas de 112 km são comum entre os índios Tararumarans. Eles fazem isso como parte de um festival religioso. Por que é tão fácil para eles, porém, impossível para nós?

Porque é um dos paradigmas dos índios Tararumarans. Eles correm por toda a parte por farra, e vocês podem acreditar que a grande corrida internacional de São Silvestre é brincadeira para os índios Tararumarans; poderiam dizer também que é um tipo de diferença genética, mas estou pronto a apostar que se um de vocês tivesse crescido numa das aldeias deles, correria exatamente como eles porque teria aprendido o paradigma deles da corrida.

Vamos tratar agora de um paradigma sobre automóveis.

Em 1976, um grupo de alunos do curso avançado do Centro Vocacional de Minesotta decidiu fazer um carro de alta eficiência e eu vou lhes dar os dados do carro:


  • Pesava 1 tonelada,
  • Fazia de 0 a 100 km em menos de 10”
  • Fazia 32 km por litro com motor de 16 Hp
Bem, qualquer um que entenda de automóveis sabe que isto é impossível, não se pode fazer um carro tão pesado dar essas velocidades com um motor de apenas 16 Hp. No entanto, foi isso que esses alunos fizeram. Como? Usando um paradigma diferente.

Percebam, estes estudantes não estavam numa classe de mecânica automotiva, eles estavam na classe de hidráulica/óleo de dinâmica avançada. Eles sabiam que usando seu paradigma poderiam capturar e reutilizar a energia que carros comuns jogam fora e vou mostrar como.

É realmente um projeto muito simples, quando se freia este carro ele não usa freios normais que só criam calor e atrito, em vez disso, as rodas traseiras giram uma bomba hidráulica que bombeia fluido hidráulico para um acumulador que fica sob pressão. Para criar essa pressão há uma resistência que freia o carro. Quando este carro está no farol fechado o motor não fica em marcha lenta, em vez disso, ele gira 80% do curso do acelerador e assim aciona uma bomba hidráulica que põe mais fluido e pressão no acumulador hidráulico.

Resultado: quando este carro começa a acelerar depois do farol ter aberto, a aceleração não vem do pequeno motor, mas de toda a energia que foi armazenada no acumulador. Deixe-me mostrar, eu posso acelerar mesmo sem ter ligado o motor. Então, o pequeno motor a gasolina só mantém a velocidade do carro e consegue com isso fazer mais de 32 km/litro.

É mais habilidoso e a pergunta do paradigma é esta:

Se os alunos que inventaram este carro estivessem no curso de mecânica automotiva será que eles teriam conseguido?

Acho que a resposta é não! Porque o paradigma da mecânica automotiva não prevê a armazenagem de energia perdida. Não quero dizer que este carro é perfeito pois, tem um monte de problemas mas, ele demonstra a força que um paradigma pode ter. o que pode ser impossível com um paradigma pode ser fácil de fazer com outro paradigma.

Há uma história contada nos meios empresariais que vale repetir aqui. No final da década de 30, um inventor tentava interessar corporações em sua nova idéia, ele passou por uma rejeição após outra porque ninguém levava a sério a sua invenção. Ele a levou num departamento de pesquisa de uma grande empresa fotográfica, ele tinha certeza que eles se interessariam porque sua invenção era um novo tipo de fotografia. Enquanto um pesquisador assistia, ele sensibilizou uma placa de metal com um revestimento especial, então pegou uma transparência e colocou a placa de metal sobre ela e expôs ambas a uma luz muito forte, então ele derramou um pó preto fino sobre a placa e jogou fora o excesso, o que restou na placa era uma vaga lembrança da imagem que estava na transparência.

Ele havia de fato criado um tipo de fotografia daquela imagem, bom, nós sabemos o que o pesquisador falou disso tudo, talvez achasse engraçado e riu, ele pode ter dito que era muito complicado ou primitivo ou pode ter ficado chateado com aquele pó preto em toda sua mesa, mas, sabemos de uma coisa ao certo, ele não se interessou por aquela invenção boba e mostrou ao inventor a saída, mas o inventor foi quem riu por último, sua descoberta acabou se tornando uma das invenções mais rentáveis da história da indústria. O inventor criou a fotografia eletrostática – a xerografia.

Imaginem qualquer escritório hoje sem uma copiadora, mas aquele pesquisador fotográfico ficou cego ao potencial dessa nova invenção, porque não se encaixava em suas regras e regulamentos de como a fotografia deve ser, ele foi incapaz de ver além de seu paradigma, como resultado sua empresa perdeu uma das maiores oportunidades de negócio do século XX.

Vamos mostrar mais um exemplo do poder e da influência do paradigma. Fiquem comigo enquanto dou uma palestra a um grupo de executivos.

Vou mostrar a vocês três palavras, certo? Vou pedir para voltarem ao começo dos anos 60 e perguntar que tipo de comentários, que tipo de adjetivos eu obteria sobre essas três palavras. As palavras são MADE IN JAPAN. Bom, em 1960 quais são as palavras que viriam em suas mentes quando vocês vissem esses produtos e quais viriam nos dias de hoje?

1960 - HOJE - lixo - excelente qualidade - barato - tecnologia - má qualidade - preços altos - cópias - liderança - primitivos - balança de pagamento - imitações - inovação

Certo, é o bastante.

O mais interessante disso tudo é que perceberam os contrates. Em muitos casos vocês deram os opostos; o que eles faziam nos anos 60 mudou completamente até os anos 80. e o ponto básico aqui é este, o que isto representa? Eu acho que é uma mudança de paradigmas. O que eles fizeram realmente começou nos anos 50 quando Deming, um americano, foi ao Japão e eles adotaram uma nova série de regras e regulamentos que nós chamamos de produção com defeito zero, agora chamam isso de Administração Japonesa ou Gerência Participativa. O que eles fizeram foi envolver as pessoas com a perfeição das coisas.

Vejam, eu acho que os japoneses criaram uma epidemia de qualidade no mundo todo. É uma doença que se você não pegar, talvez não sobreviva.

As pessoas me dizem paradigma é uma boa idéia mas, quem é que se importa? Me fale disso.

Há uma verdade profunda e crucial escondida atrás de todos os exemplos de paradigmas que mostrei, eu a chamo de Regra de Volta Zero e se não se lembrarem de mais nada, lembrem-se disto: quando um paradigma muda, todo mundo volta a zero, e não importa o tamanho de sua fatia no mercado, de como é sua reputação ou como você é bom com o velho paradigma. Com o novo você volta a zero, o sucesso passado não garante nada. Bom, vocês podem achar que estou exagerando, então, deixe-me ilustrar.

Que nação dominava o mundo da relojoaria em 1868?

É claro, a Suíça. Renomada por mais de 100 anos de sua experiência em relojoaria, em 1968 eles tinham 65% do mercado mundial e segundo estimativas confiáveis, mais de 80% dos lucros. Isso é dominar o mercado mas, 10 anos depois, a fatia do mercado havia mergulhado abaixo de 10% e nos três anos seguinte tiveram que demitir 50.000 dos seus 65.000 relojoeiros. Hoje, que nação domina a relojoaria no mundo? Japão, e, em 1968 eles não tinham virtualmente nenhum mercado. Como puderam os suíços que dominaram a indústria de relógios durante o século XX inteiro, que eram famosos por sua excelência e inovação de seus produtos ser tão rapidamente derrotados? A resposta é dolorosamente simples, eles voltaram a zero com uma mudança de paradigma.

Muitos estão usando este novo paradigma em seus pulsos agora – o relógio movido a quartz. Pensem bem totalmente eletrônico, mil vezes mais preciso do que os relógios mecânicos que substituíram, movidos a bateria, incrivelmente versátil, ele merece ser o novo paradigma da marcação do tempo – uma idéia tão brilhante e gostariam de saber quem inventou esse relógio maravilhoso? Alguns de vocês sabem a resposta mas, os que não sabem vão ter uma surpresa. O relógio a quartz foi inventado pelos próprios suíços, em seus laboratórios de pesquisa. Mas quando os pesquisadores apresentaram a idéia aos fabricantes de relógios suíços em 1967, ela foi rejeitada, afinal ele não tinha nenhum mancal, nem tinha engrenagens e não tinha mola mestra, nunca poderia ser o futuro dos relógios. Tanta confiança os fabricantes tinham nessa conclusão que nem patentearam a idéia. Assim, mais tarde, naquele ano, os pesquisadores mostram o relógio ao mundo, no Congresso Anual de Relojoaria, a Texas Instrumentos da América e a Seiko do Japão foram lá, deram uma olhada e o resto é história.

Bom, e por que os suíços não perceberam esta fantástica invenção que sua própria gente havia criado? É a força dos paradigmas de novo. Eles ficaram ofuscados com o sucesso de seu velho paradigma e de todos os seus investimentos e, quando confrontado com um mundo totalmente novo e diferente de continuar seu sucesso futuro a dentro, eles o rejeitaram porque não se ajustava às regras em que já eram tão bons. Mas não se esqueçam de que essa história não é só sobre os suíços, é uma história sobre qualquer um, qualquer organização, qualquer nação que suponha que teve sucesso no passado e terá que continuar assim mesmo, para ter sucesso no futuro. Deixe-me lembrá-los novamente, quando um paradigma muda, todo mundo volta a zero, seu passado não garante nada no futuro, se as regras mudarem, nem mesmo os melhores relojoeiros do mundo podem parar o tempo. De fato, se não tomar cuidado, seu passado glorioso bloqueará sua visão do futuro e é por isso que é preciso desenvolver uma abertura para novas idéias, uma disposição para explorar modos diferentes de fazer coisas, porque somente com esse tipo de tolerância você pode manter suas portas abertas para o futuro. Eu lhes poderia dar mais e mais exemplos, tenho mais de 350 nos meus arquivos mas, o que importa aqui é: Paradigmas afetam dramaticamente nosso discernimento e nossa tomada de decisões, influenciando nossas percepções. E ficou claro para mim que se quisermos tomar boas decisões para o futuro, prever o futuro acertadamente, precisamos ser capaz de identificar nossos paradigmas atuais e estar prontos para ir além deles. Vejam, o paradigma é uma faca de dois gumes, quando você o usa de um jeito ele corta as informações que concordam com ele em detalhes muito finos e precisos mas, quando usa de outro jeito ele isola você dos dados que contrariam o paradigma. Você vê melhor o que supõe que veja, exatamente como os suíços e você vê mal ou num percebe os dados que não se encaixam no paradigma. Deixe-me compartilhar com vocês algumas observações básicas sobre paradigmas:
  1. Paradigmas são comuns nós os temos em quase todos os aspectos da vida, seja profissional, pessoal, espiritual ou social.

  2. Paradigmas são úteis; vocês podem achar que eu não gosto de paradigmas por tudo o que eu disse deles mas, não é o caso, de fato eles nos mostram o que é importante e o que não é. Eles nos ajudam a achar problemas importantes e então continuam para nos dar regras sobre como resolver estes problemas. Concentram nossa atenção e isso é bom. Mas, e este é o ponto número 3 e é um abismo.

  3. Às vezes, o seu paradigma pode se tornar o paradigma. O único modo de fazer uma coisa é quando você se depara com uma idéia alternativa e você a rejeita de imediato mas, isso pode levar a uma disfunção e chamamos essa disfunção de paralisia de paradigma. Paralisia de paradigma é uma doença fatal com certeza e é fácil de contrair; há muitas instituições que já foram destruídas por ela e é exatamente o que aconteceu com os fabricantes de relógio suíço em 1968. Isso me lembra uma frase. “Aqueles que dizem que não dá para fazer, devem sair do caminho daqueles que estão fazendo”.

  4. As pessoas que criam novos paradigmas costumam ser gente de fora, elas não fazem parte da comunidade do paradigma estabelecido, podem ser jovens ou idosas, pois a idade parece ser irrelevante, mas fica claro que elas não estão amarradas ao velho paradigma, portanto, não têm nada a perder se criarem um novo. Isso tem um significado especial para você porque, se quiser encontrar novos paradigmas em desenvolvimento na sua área, terá de olhar além do centro para as bordas, porque quase sempre as novas regras são escritas no limites; foi onde a Xerox começou, foi onde a Apple computer começou, foi onde o Movimento Feminista começou, todos eles nos limites.

  5. Os praticantes do velho paradigma que resolverem mudar para o novo paradigma (em duas etapas iniciais) eu os chamo de pioneiro do paradigma pois, terão que ser muito corajosos porque sabem que as provas oferecidas pelo novo paradigma, ainda não mostram que é isso o que devem fazer. Agora deixe-me citar Thomas Khun porque foi ele quem descreveu melhor esta situação.

“A pessoa que abraça o novo paradigma logo no inicio, muitas vezes precisa fazê-lo desafiando as provas oferecidas pela solução dos problemas, ele precisa, portanto, ter fé que o novo paradigma terá sucesso, apesar dos muitos problemas que enfrenta, sabendo apenas que o paradigma anterior falhou um pouco. Uma decisão desse tipo só pode ser tomada com fé.”

Os sinais do verdadeiro pioneiro do paradigma são a coragem e a confiança em suas idéias.

Agora o último ponto e o mais importante.

Você pode decidir mudar suas regras e regulamentos, pois os seres humanos não são geneticamente programados na sua forma de ver o mundo – você pode resolver jogar fora um paradigma e adotar um novo, você pode decidir ver um mundo diferente e é por isso que sou tão otimista quanto ao futuro.

Bom, para desafiá-los a mudar seus paradigmas vou lhes fazer a pergunta de mudança de paradigmas. Sempre que estou numa organização ou empresa faço esta pergunta.

O que hoje é impossível fazer na sua empresa mas, que se pudesse ser feito mudaria radicalmente o que fazem?

Pensem bem nisto, a fundo, façam a pergunta, brinquem com ela mas, façam-na regularmente, por toda parte de sua organização porque as respostas a essa pergunta os levarão aos limites de seu paradigma e quando estiverem lá vocês terão meios de ver os próximos paradigmas chegando.

Lembrem-se, o que é impossível hoje, pode ser padrão amanhã e o seu desafio é fazer com que isso aconteça e estar pronto para ser o pioneiro.

Há uma estória que eu quero lhes contar:

Era uma vez um jovem rapaz, com um carro muito rápido que adorava dirigir em estradas de terra. Ele se achava um grande motorista, era capaz de tudo. Um dia ele estava indo por sua estrada predileta e chegando à curva favorita, quando saiu da curva um carro derrapando, fora de controle e logo quando iam se cruzar, o carro entrou na contra-mão, quando o carro passou a mulher gritou:

-PORCO!

Bom, ele respondeu imediatamente e gritou:

- VACA!

E ELE PENSOU: “Como ela ousou me xingar, eu estava na mão certa, ela estava na contra-mão!”. Mas ele se sentiu bem porque devolvera antes dela ir embora e assim ele pisou fundo no acelerador e fez a curva com tudo e atropelou o porco.

Bom, essa é uma história de paradigma, percebem, o rapaz estava reagindo com as regras antigas – você me xinga e eu o xingo de volta mas, se pensarem bem, ela estava mesmo tentando avisá-lo. Acredito que os próximos 10 anos vão estar cheios de gente vindo de curvas cegas, gritando coisas a vocês, e se vocês tiverem flexibilidade de paradigma, o que ouvirão serão oportunidades mas, se tiverem paralisia de paradigmas, o que irão ouvir se parecerá mais com ameaças. A escolha será toda de vocês.

Estivemos falando da antecipação do futuro, assim talvez vocês queiram saber o que estamos fazendo diante desta casa do fim do século XIX. Resolvi terminar meus comentários aqui porque, as vezes, as pessoas ficam assustados com o futuro. Elas olham adiante e dizem “Como vamos enfrentar toda esta mudança?” A resposta a essa pergunta pode ser encontrada olhando-se para nossos tataravôs, em muitos casos, eles lidaram com mudanças no mínimo tão profundas quanto as que estamos atravessando agora. Devemos considerar que em 1890 o rádio ainda era considerado mágico, quero dizer, vozes viajando pelo ar, sem fios. O rádio só foi demonstrado em 1901.

Entre 1890 e 1910 Henry Ford fez seu primeiro automóvel, a câmera de cinema foi inventada, Santos Dumont contrariou especialistas e criou o novo paradigma do vôo mais pesado que o ar, o raio X foi inventado, a luz elétrica apenas começara a substituir o lampião a querosene e a iluminação a gás, o elétron foi descoberto, a causa da malária foi identificada e um homem chamado Albert Einstein provou que E = mc2 e a era atômica começou.

Os paradigmas de nossos avós foram alterados para sempre neste período e sabem de uma coisa, a despeito de todas as mudanças, se saíram muito bem, senão não estaríamos aqui. Logo, embora as vezes o futuro pareça grande demais, muito assustador, muito forte para se lidar, nós como seres humanos demonstramos repetidamente a capacidade de criar e lidar com mudanças de paradigmas.

Percebem, sempre haverá uma outra solução para o problema, sempre haverá uma outra porta para atravessar e exatamente como foi para nossos avós, tenho certeza que o outro lado dessa porta há mais do que oportunidades suficientes para manter aqueles de nós que quiserem ser flexíveis, felizes e ocupados para a vida toda.



O vídeo original deste texto pode ser adquirido através da SIAMAR.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!