Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

14 agosto 2009

Uma ação fora do tempo

Bom dia Henrique, espero que você esteja vivendo bons momentos!

Por aqui, nada fácil. A experiência de um ente querido num leito de hospital, é uma situação nova, desconcertante, que tira toda a base do viver, quebra o automatismo, a rotina. Quase todos acabam até perdendo a noção cronológica de tempo. Já o tempo psicológico... Esse, ao contrário, bombardeia a todos. Tenho acompanhado de perto a manifestação do pensamento, com toda sua carga de tempo psicológico judiando a todos os familiares. É inevitável a impotência diante de sua manifestação, conteúdo e carga energética resultante. O pensamento se manifesta, você observa e, sem dar trégua, o mesmo entra pela porta de trás de outra maneira, com nova carga e intensidade. É um movimento cíclico, repetitivo e profundamente desgastante. É uma obsessão: o pensamento, com seu impulso, persistente, recorrente, indesejado, não convidado que surge involuntariamente causa desgaste e aflição. E não adianta tentativas de ignorá-lo ou de suprimi-lo, pois o mesmo surge quando quer, como quer e com a carga e intensidade que assim quiser.

Esse movimento no tempo, essa involuntária e acelerada viagem mental entre passado e futuro, rouba toda manifestação do presente, do agora, do sagrado momento, que acaba sendo emocionalmente contaminado, seja por ondas de excitação psíquica, por profunda ansiedade, inquietude motora e, ao anoitecer, pela insônia. A mente é tomada por idéias fixas doentias, as quais, só de pensar expressá-las, já faz o rosto corar de vergonha. E, quando o pensamento percebe a si mesmo, quando percebe o conteúdo dessas vergonhosas idéias fixas, faz uso do mesmo, numa tentativa de encontrar alimento para a manutenção de seu ciclo compulsivo, através de uma identificação formada num teor de auto-censura: como você pode pensar dessa forma diante de tal situação?... E com isso, novamente dá-se inicio ao involuntário ciclo vicioso do pensamento compulsivo.

Tenho procurado ficar somente na observação, sem fazer uso de qualquer tipo de objeto anestesiante: pessoas, livros, internet, celular, caminhadas, ou seja lá o que for. Mas confesso: não é nada fácil, ao contrário, é profundamente desgastante. Tenho observado a manifestação do pensamento, bem como o meu funcionamento mecânico nas atividades do cotidiano, com a mente sempre viajando nessa ponte passado/futuro. Um bom momento para se perceber isso é durante o banho: o corpo está sob a água que cai do chuveiro, mas a mente não está lá. Está sempre projetando um acelerado filme rico em detalhes, onde invariavelmente, somos o personagem central do filme. É um egocentrismo descomunal; a mente, com sua intrincada rede de pensamento, quer sempre roubar a cena, ter razão, retalhar, discriminar, vingar, entre outras tantas sugestões de ações violentas mais. Literalmente, é um estado de profunda doença mental.

Sei que se eu comentar isso com outras pessoas, logo as mesmas afirmaram que isso é um estado “normal” a qual todos são acometidos. É um verdadeiro estado de debilidade mental, que acaba me deixando por vezes sem o necessário vigor físico diante dos fatos e acontecimentos presentes. Como já conversamos a respeito disso em outras situações, apesar de todo desgaste resultante, posso afirmar que a capacidade de observar os movimentos da mente, sem a antiga reação de me identificar com suas insanas projeções, é um verdadeiro estado de benção. Essa observação, isenta de julgamentos, esse ver apenas por ver, tem me libertado dos antigos conflitos resultantes das reações impulsivas e inconscientes que se abatiam sobre mim e sobre os outros, que, por também não estarem atentos, acabavam vitimados pelas minhas reações impulsivas originadas pela identificação com a rede do pensamento compulsivo involuntário.

Ficar no aqui e agora, ainda é um sonho. Tenho percebido que mesmo em profundo estado de observação, lá no fundo, bem no fundo da mente, há uma espécie de veio por onde jorram as mais variadas formas de pensamento. É como se tivéssemos um fio descascado a roubar energia, causando uma enorme e desnecessária perda de energia. O movimento é tão forte que chega a afetar o físico através de somatizações. A mente passa a criar dores físicas, numa tentativa de que você se identifique com as mesmas, e, dessa forma, amplie ainda mais o ciclo da obsessão mental. E, mesmo estando atento, acaba ocorrendo a manifestação de um quadro de estado físico letárgico. Você percebe isso, a mente, os pensamentos, as projeções, os sintomas emocionais e físicos advindo dos mesmos, a letargia, a ansiedade, vê tudo isso assim como a profunda impotência diante desse insano sistema auto-centrado.
Hoje, posso lhe afirmar que entendo visceralmente aquilo que Krishnamurti quer dizer com observador e a coisa observada. De fato, enquanto existir essa fragmentação de nós mesmos como “aquele que observa” e “aquele que é a coisa observada”, haverá perda de energia e conflito. Muito bem, diante dessa profunda consciência de si mesmo como um ser fragmentado, surge à pergunta: será mesmo possível a manifestação de algo capaz de libertar a mente desse involuntário mecanismo de projeção de imagens nessa ponte passado/futuro? Será possível uma ocorrência que faculte a libertação desse insano e desnecessário movimento da mente, causadora desse profundo desgaste mental, físico e emocional?

Também percebo que essa ocorrêcia não pode ser fruto da vontade, do desejo, que em sua origem, É pensamento. Essa ocorrência, se existir, não pode estar no tempo, nos limites do conhecido. Tem que ser uma ocorrência que supere o conhecido e que possa sobrelevar a nossa condição humana, que agora, se encontra prisioneira dessa enorme rede de pensamento coletivo, manifesta em cada indivíduo. Talvez, a manifestação dessa ocorrência que não é do tempo, que não pode ser traduzida em palavras, seja o que os antigos quiseram representar através da palavra “Deus”.

Até onde cheguei neste processo, posso lhe afirmar que “eu por mim mesmo” sou totalmente impotente perante a involuntária manifestação e fluxo do pensamento. “Eu por mim mesmo”, não tenho como me ver livre desse estado de atenção constante que mesmo sendo menos maléfica que a identificação, também causa desgaste de desnecessária energia. Mais do que nunca, sinto a profunda necessidade de uma manifestação que transpasse a ação daquele que vê por detrás destes olhos que pensam ver. Sem ela, só por agora, não vejo como possamos experienciar na pele “a verdadeira liberdade do espírito humano”, uma liberdade que transpasse as pesadas trancas criadas pela mente condicionada pelo sistema do pensamento coletivo.

Um forte abraço,
Seu amigo e irmão,
Nelson Jonas

10 agosto 2009

Absurda inversão de papéis

A porta de vidro do saguão do Hospital Sorocabana da Lapa se abre, enquanto a ascensorista sorrindo do elevador faz sinal de me aguardar.
No elevador, além da ascensorista, uma senhora e o tal médico oriental citado no texto anterior, que ao ver-me, com um leve movimento da cabeça, esboçou um cumprimento. Feito o movimento, olhando para o chão perguntou:
- E o seu pai? Como está?
- Estranho como rolam as coisas por aqui... Estou chegando agora ao hospital e, a meu ver, acho que quem deveria estar fazendo esta pergunta e recebendo uma resposta do senhor sou eu, e não ao contrário, o senhor não acha?
Muito sem graça, tal pessoa respondeu:
- Já pedi para a Doutora verificar a transferência do seu pai, como você disse na sexta. Tenha um bom dia.
Saiu do elevador a passos largos sem ao menos olhar para trás.
A ascensorista olhou para mim, balançando a cabeça em sinal de reprovação ao absurdo presenciado e exclamou:
- É preciso muita paciência meu jovem... Muita paciência.
- A senhora pode ter certeza de que se ela não estivesse comigo, a cabeça dele já tinha sido arrancada há dias. Tenha um bom dia!

Isto pode parecer capítulo de novela mexicana... Mas não é!... É apenas uma pequena parte da realidade de um país que nunca aparece nos dados daqueles que sorriem em palanques!

08 agosto 2009

Bem-aventurados sejam os amadores

Modificando um pouco o dito popular, pimenta no prato dos outros é refresco... Ontem ao cair da tarde tive a triste oportunidade de sentir na pele mais uma das realidades que nosso povo enfrenta, com relação ao descaso por parte de alguns profissionais da saúde pública (se é que posso chamar tal cidadão de profissional).

Meu pai está sendo atendido por uma médica que tem se mostrado muito atenciosa, não só com ele, mas com todos nós. A mesma está tentando transferi-lo para outro hospital, para que ele não seja “enrolado” pelo precário plano de saúde do qual hoje faz parte. O ocorrido:

Um Sr. de jaleco branco, que se apresentou como um dos médicos responsáveis pelo hospital, de súbito entrou no quarto de meu pai, com seu prontuário nas mãos e descuidadamente foi lhe dando alta. Detalhe: nunca havia visto até então o Sr. meu pai. Logo, eu e minha mãe nos movimentamos para levantar a falta (ou não) de informação deste homem quanto a realidade do quadro clínico de meu pai. Friamente olhou para o prontuário, dizendo que não havia o que ser feito por ele, que toda parede de seu estomago estava tomada e que possivelmente em estado inoperável. Colocou suas mãos como quem segura o cinto de suas calças e reclinou-se na cadeira, enquanto minha mãe, com setenta anos, em pé, visivelmente baqueou.

Eu tive que me sentar no chão. Novamente as palavras sumiram...

De repente, foi como se algo tomasse conta de mim, me colocando num estado de frieza muito grande, a qual fez com que eu conseguisse dialogar com o tal cidadão, quanto as possibilidades dele segurar meu pai até a segunda-feira, data em que a Doutora nos prometeu a sua transferência para um dos hospitais que nos fora já recomendado. Fiquei olhando nos olhos daquele homem, inconformado com tamanha frieza, lidando com um ser humano, como quem lida com um saco de lixo na lixeira de um prédio qualquer. Fiquei olhando em seus olhos e ele para os meus e não pude ver nem se quer uma faísca de humanidade. Ele queria a todo custo se livrar de um “estorvo”, dizendo que essa era a indicação dada pela Diretoria do Hospital. Não é nada fácil ser diplomático quando a vontade real é a de levantar a pessoa pelo cangote. Não bastando isso, virou-se novamente para mim e me intimou:
- E tem mais!... Você e o resto de sua família trate logo de fazer uma clonoscopia e uma outra “cospia” qualquer.
Uma fez dito isso, reclinou-se novamente na cadeira e limitou-se a baixar a cabeça como quem olha para o prontuário médico.

Sabendo da ansiedade do meu pai, percebi a situação estabelecida: como poderíamos eu e minha mãe voltar para o quarto e dizer que ele não poderia dali sair? Como fazer com que ele não desconfiasse de nada? Novamente, voltei-me para o médico:

- Desculpe-me, mas não o conheço. Estive aqui a semana toda e nunca o vi neste hospital. Não vou retirar meu pai daqui a não ser que seja encaminhado para outro hospital conforme o que foi acordado com a Dra. Responsável pelo acompanhamento do caso dele. Agora, o Sr. criou uma situação a qual precisará remediar. Não cabe a mim e a minha mãe colocar algo para ele. O Sr. não poderia falar...

- Você não está pedindo para que eu vá lá e minta sobre a realidade dele... Isso não farei de forma alguma.

- Não estou pedindo isso, estou pedindo para que o Sr. dê um jeito de remediar a situação que criou.

- Não criei situação. Estou fazendo o que dita a Direção do hospital diante de tal estado clinico. Seu pai pode ir para casa e se passar mal, pode voltar novamente a qualquer momento.

- Mas como posso levá-lo para casa, se o Sr. mesmo acabou de colocar uma situação de grave risco?

- Aqui não temos o que fazer por ele. Só podemos mantê-lo como está. O caso dele agora é laboratorial.

- Ok! Mas o Sr. por favor, dê um jeito de mantê-lo aqui até segunda na espera do que nos foi conversado com a Doutora.

- Mas ela lhe prometeu isso mesmo? Estranho.

- Bom Sr. foi isso que foi conversado numa reunião com todos familiares, a qual foi solicitada por ela mesma.

Então, dando meio de ombros, disse:

- Então, tudo bem. Seguro ele até segunda-feira.

Tive que meter um sorriso amarelo no rosto e ainda apertar a sua mão, quando a real vontade...

Tratei de retirar minha mãe dali, levá-la para fora do hospital, a fim de que ela pudesse, pela primeira vez até então, liberar suas emoções. Não foi fácil fazer com ela se soltasse, pois a todo tempo dizia:

- Não posso chorar... Ele me conhece assim como eu o conheço só pelo andar. Preciso estar em pé.

Enquanto isso, o homem do jaleco branco e alma encardida, sumia pelos enormes corredores solitários do antigo prédio hospitalar.

Ele ainda não sabe, mas seu nome completo, bem como o nº do seu CRM já se encontra devidamente anotados com meu irmão, que não fosse pela minha insistência, talvez teria tomado atitudes, com certeza, irracionais.

A questão que fica: porque alguns seres humanos ficam anos e anos atrás de estudos técnicos, decorando paredes com quadros repletos de estampilhas coloridas, títulos e mais títulos, se acabam perdendo a paixão “amadora” que vemos em muitos enfermeiros e estagiários?

Sei que não deve ser nada fácil transmitir noticias como essas, mas, será que uma pessoa com tanto tempo de janela, perdeu o bom-censo de como transmitir de maneira sadia uma noticia de algo que não é são? Para que tantos títulos, se perdemos a capacidade de exercer uma inteligência amorosa?

A esperança que fica é a de que enquanto existirem aqueles, por alguns chamados de “ama-dores”, as dores de muitos ainda poderão ser, mesmo que por pouco, amorosamente cuidadas.

06 agosto 2009

Sim, tenho medo!

Dor
Sofrimento
Confinamento
Morte
Afastamento
Desamparo
Aniquilamento
Desconhecido

Sim, tenho medo!

.............................
Não se pode compreender aquilo que se nega...

Corredores silenciosos

Existem corredores dos quais corremos o mais que podemos. No entanto, mais cedo ou mais tarde, sem qualquer tipo de aviso, eles nos alcançam...

Ontem, ao final da tarde, minha família e eu tivemos uma reunião com a médica e coordenadora geral do Hospital onde meu pai se encontra internado. O diagnóstico: câncer no estomago com sangramento. As palavras e o chão somem... E a impotência diante dos fatos se torna evidente.

Meu pai passou a vida toda se matando para poder pagar seu plano de saúde e agora, aos 70 anos de idade, quando o mesmo se mostra realmente necessário, se encontra a beira da falência. A família, não possui recursos financeiros para lidar com tratamentos particulares. Começa um período de busca de informações, sem mesmo saber direito onde buscá-las.

Ampliam-se ainda mais os questionamentos sobre o sentido da vida. Percebe-se o quanto a mesma passa rapidamente e o quanto deixamos de vivenciar pessoas queridas. Bate um desespero de querer recuperar o tempo, mas ele é implacável e não volta.

Não é nada fácil entrar no quarto e disfarçar como se estivesse tudo sobre o controle, somente exames de rotina. Mil projeções passam a correr aceleradamente e de forma desconexa na mente.
Ao nascer do dia, falta à direção, o sentido. Desaparece a vontade de se alimentar, o pão só desce juntamente com boas goladas de café. A mente não para, não dá trégua.

Você se depara com a realidade de uma saúde pública falida, repleta de filas, de disputas por vagas e leitos. Começam as ligações para tentar encontrar influências capazes de romper as limitações impostas pelo sistema. Os ponteiros do relógio parecem não andar.

Bate uma enorme ânsia de compartilhar a situação com todos, mas algo dentro pergunta: para que? É uma esperança que esse alguém conheça alguém que conhece alguém que possa ajudar alguém que nunca se quer conheceu.

Vai-se para a internet em busca de informações, sem saber muito bem sobre o que procurar.

A situação é de total impotência e entrega.

04 agosto 2009

Reflexões sobre o sofrimento


Maioria de nós sofremos nas diversas formas de relações – com a morte de alguém, em não conseguir preencher-nos e nos frustrar tentando conseguir ou tornar-nos algo e ser um fracasso total. Existe todo o problema do sofrimento do lado físico da doença, a cegueira, a incapacidade, a paralisia, e assim por diante. Em toda a parte há essa coisa extraordinária chamada sofrimento com a morte nos esperando ao virar cada esquina. Como não sabemos encarar o sofrimento, assim nós o adoramos, racionalizamos, ou tentamos de fugir dele. Indo para qualquer igreja cristã iremos achar o sofrimento adorado, transformado em algo extraordinário, sagrado, e é dito que somente através do sofrimento, através do Cristo crucificado, é que podemos encontrar Deus. No Oriente possui as suas próprias formas de fuga, outras maneiras de evitar o sofrimento e parece-me uma coisa extraordinária que tão poucos, no Oriente ou Ocidente, estão realmente livres do sofrimento. Seria uma coisa maravilhosa se neste processo escutássemos – impassivelmente, não sentimentalmente – o que está sendo dito... se realmente pudéssemos compreender o sofrimento e libertar-nos totalmente dele, porque então não haveria frustração, nem ilusão, nenhuma ansiedade, nem medo, o cérebro funcionaria clara, aguda e logicamente. E talvez, depois, conhecêssemos o que é o amor.

Autor: Krishnamurti – O Livro da Vida

03 agosto 2009

Tô vendo tudo!

O novo rebelde

O novo rebelde não irá se conformar com o sistema e os seus interesses. Ele está completamete despreocupado em relação à sua respeitabilidade, reputação, honra, adoração; ele não necessita dessas coisas. As pessoas que estão vazias por dentro é que necessitam todos esses adornos.
O novo rebelde é um ser iluminado - ele está realizado e profundamente satisfeito. Ele se mantém à parte e só, com uma clareza sobre tudo. Ele falará, e se isso for contra a sociedade, contra a herança, contra a antiga tradição, contra as escrituras, não importa.
Para o novo rebelde, a verdade é a única religião. Ele está pronto para ser condenado em nome da verdade; ele está disposto a ser cruxificado em nome da verdade.
O novo rbelde é um indivíduo absolutamente livre de todos os grilhões da multidão - mesmo que esses grilhões sejam de ouro. Ele é tão livre como um pássaro a voar. Ele não aceitará nenhuma gaiola, por mais preciosa que seja. A verdade é a sua religião, a liberdade é o seu caminho. E ser ele mesmo, totalmente ele mesmo, é o seu objetivo
Foto: Nelson Jonas
Texto: Osho
Modelo: Marco Aurélio de Oliveira

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!